Ela está prestes há completar 70 anos, mas o trabalho continua duro: lava os banheiros, limpa as esteiras, os corrimões, remove as pequenas pedras soltas do piso, passa o pano molhado sobre as ardósias, às vezes, fica depois das dezoito, quando há eventos no plenário da Câmara Municipal de Uberlândia. Jandira de Oliveira Souza faz isso há dezesseis anos e não quer parar, mesmo após conseguir os quinze anos de contribuição por idade, exigidos pela Previdência Social, para a tão sonhada aposentadoria, os papéis já circulam pelos corredores do INSS.

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Jandira gosta de estar ali, mesmo empunhando a vassoura mais lentamente do que os outros colegas de trabalho, a troca dos passos ao subir as escadarias do prédio gastar um tempo além do previsto, os movimentos das mãos serem mais delicados do que a pressa do relógio. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aproximadamente um terço da população fora da força de trabalho no país é composta por idosos, pessoas com 60 anos, ou mais idade. Um diagnóstico que Jandira insiste em contrariar, o marido está aposentado há dez anos, e a filha de 42 anos voltou para casa, após a morte do marido.

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No trabalho é comum ouvir a sua voz disposta a cumprimentar quem passar por perto, um bom dia, um boa tarde, ao despedir, saúde para continuar trabalhando. A conversa pode demorar ainda mais, quando o time do coração vai jogar, ou atuou bem no último fim de semana, o Sport Club Corinthians Paulista. Quando o timão rola a bola, ela embrulha na bandeira do Corinthians e fica bem perto da televisão. A maior alegria dela é quando o time paulista vem jogar no estádio Parque do Sabiá, nunca perdeu uma partida. A emoção de ver o elenco entrar em campo, os dribles, as jogadas de ataque, o gol, nunca saíram da memória da jovem senhora. O celular também é uma grande companhia, vem dele as últimas notícias: a posição na tabela, as novas contratações, os resultados dos jogos não televisionados, também as resenhas, os comentários sobre o time.